sábado, 25 de outubro de 2014

Minha Experiência com o Chá na União dos Vegetais

Minha Experiência com o Chá na União dos Vegetais

Meu objetivo ao escrever este post é apenas o de relatar minha experiência com o Chá, sendo assim, não venho aqui tentar estabelecer qualquer linha de julgamento em relação ao Chá e tudo que o envolve. O post não será curto já que vou descrever com o máximo de detalhes possíveis então, caso não tenha paciência...

Tudo começou quando conheci uma certa aluna que me pediu aulas particulares. Lembro-me de estar na sala de aula quando um grande amigo e na época também professor bateu na porta e me pediu um "minutinho", como ele gostava de falar, para me explicar que uma de suas alunas estava precisando de aulas particulares. Como eu tinha tempo livre, entrei rapidamente na sala de aula e deparei-me com uma senhora, muito simples, tímida e com fala mansa que estava precisando de algumas aulas. Conversei com ela e combinamos de ela ir à minha casa para as aulas.

"Conhecer esta aluna foi crucial pelo momento que eu estava passando"

Já no primeiro dia percebi que ela era uma pessoa com um grande conhecimento, tanto na sua área de atuação, quanto na experiência de vida. Uma senhora discreta, simples, madura, sábia e equilibrada. Percebi também que ela precisava conversar. Acho que no terceiro dia de aula ela chegou na hora marcada, mas ela claramente se esforçava para manter-se concentrada. O que ficou claro naquela hora foi que ela não estava em condições de assistir aula, então, conversei com ela e ficamos aqui em casa apenas conversando. Claro que não cobrei nada. Deste dia em diante nossa amizade foi se consolidando e somos grandes amigos até hoje.

Em pouco tempo passamos a almoçar juntos e conversar bastante. Eu sempre, desde pequeno, fui aberto a aprender com as pessoas e carrego isso a vida inteira o que só tem me ajudado enormemente. Logo ela me falou sobre o que ela achava das religiões, citou algumas e inevitavelmente a UDV entrou em pauta. Ela discorreu sobre os benefícios e de como a sua vida mudou depois que entrou na UDV. Ouvia aquilo atentamente, mas sempre pensei .... Bom quem sabe um dia!

"A morte de um grande amigo"

Em novembro de 2011 um grande amigo deu entrava no hospital pela enésima vez. Até então isto era algo rotineiro. Vítima das consequencias de um diabetes mal controlado ele sofreu a vida toda. Fez as coisas quando e como sempre quis e nunca gostou de ouvir as pessoas que o cercavam. Era sempre à sua maneira como e quando quisesse. Este amigo foi fundamental na minha vida e me deu suporte que a minha "família" jamais deu e jamais dará. Com o falecimento dois meus pais um ano antes ele rapidamente me ajudou com trabalho, dinheiro comida e tudo o mais que pôde.... Foi um AMIGO de VERDADE que dificilmente se encontra hoje em dia.

Em 2010 com os meus país ainda vivos ele viajou para a Europa e fez e comeu tudo o que não podia. Voltou com um inchaço anormal, mas insistiu que este inchaço foi causado por um tombo que sofreu na Suíça. Mal sabia ele todo aquele inchaço era um sinal de algo bem mais grave do que uma simples queda. Percebia-se claramente que ele não era o mesmo. Ele andava cansado demais e mesmo assim insistia em comer tudo e ir à praia, mas uma vez na praia ele mal andava e reclamava do sono que sentia. Insistimos que ele fosse ao médico, mas ele recusou. Duas semanas depois foi ao um clínico geral que indicou um dos melhores nefrologistas da cidade. Depois da visita seu temor se confirmou. Depois de duas cirurgias cardíacas, ficar um ano sem enxergar, mais cirurgias nos olhos ele agora enfrentava o que sempre temera... Os seus rins começaram a falhar. Era questão de quando e não se ele iria enfrentar a hemodiálise.

Lembro-me claramente de estar no shopping com a minha mãe quando ele ligou apavorado e chorando dizendo que as enfermeiras e os médicos já o cercavam e que ele teria que fazer hemodiálises três vezes por semana. Foi terrível. Ver um cara tão novo, tão cheiro-me vida como ele era ficar em uma situação de não conseguir sequer subir um degrau, não conseguir andar de uma casa para a outra é muito triste.

Quando ele deu entrava no hospital em 2011 ele já estava abatido há anos. Me disse incontáveis vezes que não aguentava viver daquele maneira e que sabia que não tinha muito tempo de vida. Já no hospital com uma infecção no dedo do pé ele sabia que correria o risco de perder o dedo e para quem já estava extremamente deprimido isto seria devastador. No meu intervalo do almoço eu o visitei algumas vezes, conversamos e disse que quando saísse nós caminharíamos na praia como sempre fizemos. Ele estava abatido sim, mas não estava fraco demais a ponto de pensarmos que o pior poderia acontecer. Ele faria a cirurgia do dedo e já que o médico dissera que não precisaria amputar ele poderia voltar para casa em breve. Até combinei o que fazer quando ele voltasse. No trabalho os alunos esperavam vê-lo em duas ou três semanas no máximo. Duas semanas depois ele estava irritadiço, muito mesmo. Detestava ter que ficar preso sem poder sair, fez um escândalo para mudar para algum quarto com janelas onde ele pudesse ver a rua e as pessoas. Na terceira semana ele pegou uma infecção que estava sendo tratada com antibióticos. A sua irritabilidade aumentou exponencialmente e quando o visitei um dia eu pude perceber que ele estava quase irreconhecível, não fisicamente, mas mentalmente ele não era o mesmo. Em um dos ataques de fúria e teimosia ele fez o que os médicos pediram para que ele não fizesse, não tentar levantar sozinho sem a ajuda das enfermeiras. Como resultado ele caiu e quebrou o fêmur. Quando soube da notícia no trabalho comecei a preparar-me para o pior. Conhecendo meu amigo como conhecia eu custava a acreditar que ele, sabendo que se saísse dali ainda teria que ficar meses em uma cama sendo transportado de ambulância de casa para o hospital para fazer hemodiálise três ou quatro vezes por semana, suportasse. Seria um colapso mental enorme.

Com a sua transferência para a UTI eu realmente perdi as esperanças. Conversando com um dos seus melhores amigos eu disse que achava improvável a saída dele diante de tudo que estávamos vendo. "Eu não estou preparado para lidar com a morte ele" disse ele. Flashes dos anos de amizade, risadas, dificuldades começaram a surgir na minha mente e com lágrimas nos olhos.... "Eu também não estou" eu disse.

Soube alguns dias depois que ele tivera que ser reanimado por cinco vezes no dia anterior. Corri para o hospital no horário do almoço para visitá-lo. Na UTI ele estava sedado e entubado. Tentei falar algo mas, claro ele não respondeu. No caminho de volta para o trabalho eu tinha aquela sensação estranha de que havia sentido tão fortemente há apenas um ano. Não conseguia dar aulas normalmente e intimamente já me preparava. No dia seguinte no meio da aula nosso amigo me liga, saí da sala sabendo o que havia acontecido. Com a ligação, tudo foi confirmado. Encerrava-se ali, mais um ciclo na minha vida, mais um luto, mais uma etapa. Agora sem meu grande amigo, pai, mãe ou família a vida tinha de continuar.....

Na próxima postagem o que senti, vi ou ouvi com o chá.

 

 

 

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